O seu nome deriva de “Ager”, que em latim, significa campo. Portanto, Agrela quererá dizer campo pequeno, ou melhor pequena extensão de terra produtiva.
No levantamento arqueológico do concelho de Fafe, há notícia de um refúgio fortificado entre Serafão e Agrela, o que demonstra que alguns terrenos que formam estas freguesias foram habitados em épocas pré-históricas.
Já em épocas históricas, a antiguidade desta freguesia remonta pelo menos o século XI, segundo um documento datado de 26-12-1084.
A atividade agrícola é a mais praticada e traduz-se pela preservação de uma ruralidade ancestral, sendo então uma freguesia de predominância rural.
Enquadramento Geográfico
Nas inquirições de 1220, há referências a Santa Cristina de Agrela, que pertencia ao concelho de Guimarães, mas passou para o concelho de Fafe, após a criação deste em 1853.
Situada no extremo norte do concelho, a freguesia de Agrela estabelece limites entre o concelho de Fafe, da Póvoa de Lanhoso e de Guimarães, estendendo-se ao longo de um vale de rara beleza.
Em Agrela passa um ribeiro, afluente do Rio Ave, ficando a freguesia situada acerca de 2 km da margem esquerda deste rio.
Agrela é uma freguesia portuguesa do concelho de Fafe, com 1,44 km² de área e 187 habitantes (2011).
Bandeira e Brasão
A bandeira e o brasão de Agrela contém os seus símbolos identificadores e os vários valores da terra, ou seja:
- Tenaz de vermelho simbolizando a sua padroeira Santa Cristina
- Faixa verde representando terra fértil
- Duas espigas de milho folhadas de prata simbolizando a sua vocação de terra agrícola
- Rodízio Hidráulico de negro representando os moinhos, antiga indústria de moagem
- Coroa mural de prata com três torres
- Listel branco com a legenda a negro AGRELA – FAFE
- Bandeira vermelha cordão e bolas de ouro e vermelho
Stª Cristina a Nossa Padroeira
Tudo começou em Tiro, na Toscana, nas margens do Lago de Bolsena, povoação da qual não resta o menor vestígio, por haver sido inteiramente submersa no próprio Lago. Era filha do governador daquela cidade, chamado Urbano, declarado inimigo do povo Cristão.
A Providência facultou-lhe um meio de se instruir a preceito no Cristianismo, tendo algumas damas cristãs empregado os seus cuidados a preparar Cristina, uma criança de 10 anos, para a felicidade de receber o batismo. Tudo se realizou no maior segredo.
Mas, um dia, Cristina derrubou e quebrou os ídolos de prata e ouro que existiam no palácio de seu pai, distribuindo os pedaços destas preciosidades pelos pobres cristãos que definhavam na miséria. Arrastada para as perseguições por causa deste ato, depois de ter sofrido os maiores martírios, foi ligada a uma coluna e atravessada por flechas. Morreu no ano de 300 da era Cristã.
Todos os anos em Agrela, no 1º domingo de Agosto se realiza as festa em honra de Santa Cristina, embora o dia assinalado seja o 24 de Julho.
Lenda do Penedo
A lenda é baseada em Santa Cristina e surge na freguesia de Agrela, num penedo no alto do monte.
Esta lenda surge devido à fé destas pessoas nesta Santa. Existem relatos que foi neste penedo, que se deu a aparição de Santa Cristina. Relatam também a existência de uma pegada neste penedo, local onde a santa terá pousado o seu pezinho. Mencionam ainda a existência de uma capela, que hoje, só é visível a estrutura em pedras, pois com o passar dos tempos foi desaparecendo e subterrada pela natureza.
1º Testemunho:
“A minha mãe dizia que a avó dela antigamente quando estava num tempo de muita seca ou muita chuva (…) ia ao penedo da santa.
Existe um penedo em cima nos lameiros, é o penedo da santa. Este penedo tem uma pegadinha, (marca do pezinho) e um penedo mais pequeno ao lado. Dantes, também havia lá uma nascente de água e quando havia uma seca muito grande, o povo ia todo em procissão, mas com fé, o padre à frente com a cruz, e as pessoas atrás a rezar. Quando fosse um tempo muito invernoso, eles iam e davam uma volta ao penedo para cima, aí vinha sol. Quando fosse um tempo de muita seca, davam uma volta ao penedo para baixo. Chegavam a vir para baixo já com chuva. Isto já não é do meu tempo, mas contava-me a minha mãe.”
(D. Júlia De Jesus Gomes Lopes, 77 anos, natural da freguesia de Agrela, em sua casa pelas 15 horas do dia 20 de Abril).
2º Testemunho:
Lembro-me que a minha mãe tinha um eirado de grão ao sol e nesse dia estava muito calor, ela disse, vamos ao penedo da santa em procissão rezar o terço para ver se vem chuva!
Eu e a minha mãe juntamente com algumas pessoas da aldeia fomos ao penedo da santa, rezámos lá o terço e até cantamos. Quando estávamos lá, lembrámo-nos que a nossa eira estava cheia de grão. No entanto, à vinda para baixo do penedo da santa viemos novamente em procissão a cantar e a rezar, foi então que se deu o trovão e este fez apertar mais com o povo (andar mais rápido). Consoante o povo vinha vindo o trovão vinha-nos acompanhando, até que chegámos aqui à cerca (a meio do caminho de casa), a chuva já era tanta, tanta, tanta…. Chegámos a casa vimos o grão na eira todo molhadinho, a mãe ralhou à tia Maria, por ela não ter tirado o grão da eira. A tia Maria não tirou o grão porque estava zangada por não ter ido ao penedo da santa, então deixou o grão apanhar chuva.”
Ah… “ (…) quando iam ao penedo para pedir para vir sol ou chuva, este se fosse para vir chuva, tombavam o penedo para baixo, quando era para vir sol, tombavam o penedo para cima, era um penedo pesado.”
“Quando lá fui a pegada não a vi porque não fui acima do penedo, mas no chão ainda tinha cacos e vestígios da capela, e do degrau.”
(Joaquina da Silva Machado, 86 anos, natural da freguesia de Agrela, em sua casa, pelas 17 horas dia 20 de Maio).
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